Igreja de São José de Ribamar

(Barbalho, extinta)

Essa Igreja ficava no alto da Rua São José de Baixo, de frente para o acesso que liga a Rua São José de Cima, no Barbalho (veja mapa e foto do local, abaixo). Era também conhecida como Igreja de São José dos Bem Casados.

Foi construída no segundo quartel do século 18, por Domingos do Rosário Lopes e sua mulher Sebastiana Lopes da Conceição, em terreno foreiro à Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo.

Segundo Accioli, após a morte de seu marido, Sebastiana Lopes da Conceição pretendeu levantar, junto à Capela, um recolhimento para quinze donzelas. Entretanto, o Vice-Rei opôs-se a tal pretensão, por incapacidade dos promitentes, respondendo a informação solicitada pelo Conselho Ultramarino, por provisão de 11 de janeiro de 1757.

Valentina Pereira Lopes, filha dos fundadores e administradora da Capela, cedeu sua administração a Domingos de Oliveira Bento, que construiu seis casas pequenas no lugar do recolhimento projetado.

Em 1796, Manoel Joaquim dos Santos Ribeiro foi nomeado, por juízo competente, administrador da Capela. Após usar os rendimentos da Capela, em benefício próprio, e deixá-la em ruínas, renunciou à sua administração.

Desde 1799, o devoto Joaquim Francisco do Livramento, natural da Ilha de Santa Catarina, adotara a educação de alguns órfãos desamparados. O devoto fez uma petição ao Governador da Bahia Francisco da Cunha e Menezes para instalar na Capela, uma escola para órfãos. O Governador pediu proteção régia para a instituição, em carta de 17 de outubro de 1803. Em 4 de junho de 1804, o devoto obteve do Governador a administração da Capela. Tomou posse em 10 de dezembro de 1805.

Entretanto, um alvará de 14 de fevereiro de 1807 e provisão do Conselho Ultramarino de 24 de outubro do mesmo ano, anulou a administração concedida. Alegou-se que a Capela incorrera em comisso e vacatura. Mas, a instituição seria permitida, com uma cláusula em que a Capela seria revertida para a Coroa, caso o intuito da educação de órfãos não se concretizasse.

Mas se concretizou e J.F. do Livramento fundou ali o Collegio dos Meninos Orphãos da Bahia. Uma Carta Régia, de 29 de outubro de 1808, estabeleceu que a instituição ficaria sob a inspeção do Prelado Diocesano.

Segundo o Almanak Laemmert 1911-1912, o Collegio dos Orphãos de São Joaquim foi fundado pelo mesmo J.F. do Livramento, que começou a recolher órfãos na Igreja de São José de Ribamar e transportados para São Joaquim, em 12 de outubro de 1852.

Em 1818, o Conde da Palma, governador da Bahia, pediu a Dom João VI a transferência do Colégio para o antigo Noviciado dos Jesuítas, atual Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim (o Conde morava no topo da Ladeira da Água Brusca, onde funciona hoje uma escola municipal, perto da Igreja de São José de Ribamar). A inauguração do Colégio, em São Joaquim, se deu em 1825, entretanto, como indicado acima, é possível que a Igreja de São José de Ribamar tenha abrigado alguns órfãos até 1852.

Posteriormente, a Igreja de São José de Ribamar passou a abrigar a Casa Pia das Órfãs do Coração de Jesus, transferidas da Capela do SS. Coração de Jesus, no Cabula. Era um colégio e orfanato para meninas que é atualmente o Instituto Sagrado Coração de Jesus. O Instituto informa, em seu site, que foi fundado em 2 de fevereiro de 1827 com o nome de Instituto Orphanológico São José, na Rua São José de Ribamar, atual São José de Cima. Eram as instalações da Igreja de São José de Ribamar. Tudo indica, contudo, que a instituição foi fundado no Cabula, e transferida para o Barbalho em uma época posterior.

Em 1857, o Colégio foi transferido para as instalações atuais, em Nazaré. Sabe-se que, em 1929, as cerimônias de culto não eram mais realizadas nessa Igreja.

Seu prédio ainda existia, em 1958. A professora Dalva Mattos (1903-1996), fundadora da OAF, no Queimado, fez a seguinte referência em seu livro História de uma Experiência - OAF (1968): "Dias antes [eu] pensara em restaurar a Igreja de São José de Cima e naqueles terrenos, instalar a OAF". Isso foi em 1958, ano de fundação da OAF.

Uma tela de Nide Bacelar, pintada por volta de 1970 (ilustração abaixo), mostra a parte detrás da Igreja, tomada da Rua Militão Lisboa (atual Rua Vital Rego).

 

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Instalações do Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Nazaré, onde passou a funcionar, em 1857. A Capela foi inaugurada em 1891 (foto em postal do início do século 20).

 

Este é um fragmento da Planta da Cidade do Salvador, de 1894, organizada pelo engenheiro Adolfo Morales de los Rios. Note a indicação da Igreja de S. José, na Rua São José de Baixo (a simbologia adotada no mapa usa o preto para identificar as construções religiosas).

 

Nesta imagem do Google Street View, tomada da Rua São José de Cima, vê-se, ao fundo, o terreno onde ficava a Igreja de São José de Ribamar, atualmente ocupado por uma oficina.

 

Mapa Barbalho

 

Acima, a Igreja de São José de Ribamar (29) identificada em uma ilustração de 1810, como S. José dos Bem Cazados. A antiga Fonte do Baluarte (34) está indicada na Ladeira da Água Brusca.

 

Igreja São José

 

Forte Barbalho

 

Nide Bacelar

 

Sagrado Coração

 

A Igreja de São José de Ribamar em 1939 ou antes (foto publicada no livro Relíquias da Bahia, de Edgar de Cerqueira Falcão, de 1940).

 

Igrejas de Salvador

 

São José Ribamar

 

São Jose Cima

 

Igrejas Salvador

 

 

 

Tela em óleo da artista plástica Nide Bacelar, pintada por volta de 1970. A paisagem foi tomada da Rua Militão Lisboa (atual Rua Vital Rego). A ladeira que sobe é a Rua São José de Baixo, que se conecta à Ladeira da Água Brusca, à esquerda. No meio está a área da antiga residência do Conde da Palma, onde funciona hoje (2017) a Escola Técnica da Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim. Vê-se a parte detrás da Igreja de São José de Ribamar na parte direita superior da tela.

 

Igreja de S. José de Ribamar

 

 

 

Por Jonildo Bacelar

 

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