Passeio Público
O mais charmoso espaço de lazer de Salvador, no século 19. O maior e o mais popular parque da Cidade.
Hoje mais parece um espaço complementar do Palácio da Aclamação e que abriga o Teatro Vila Velha. Esquecido e desolado. Aqueles que hoje passam pelo local nem sequer imaginam o que foi o Passeio Público de Salvador. Foi restaurado pela última vez, em 1990, quando abrigou alguns eventos, mas foi novamente esquecido.
Segundo Afrânio Peixoto, desde 1799 que o Governo Português cogitava em construir um horto botânico, em Salvador. Houve desavenças para a escolha do local, até que, em 1803, o governador da Bahia, Francisco da Cunha e Menezes adquiriu o terreno atual, em frente ao Forte de São Pedro, e onde se começou a plantar as espécies vegetais.
Em 1810, o Passeio Público foi inaugurado pelo oitavo Conde dos Arcos, Dom Marcos de Noronha e Brito.
Em 1815, iniciou-se a construção do Obelisco para comemorar a chegada do Príncipe Regente Dom João, ao Brasil. Esculpido em mármore e com 12 metros de altura. Em 1913, o Obelisco foi transferido para a Praça da Aclamação, em frente ao Palácio.
O Passeio Público era um belíssimo local, com vista privilegiada para a Baía de Todos os Santos e acesso para o antigamente belo bairro da Gamboa. Contava com alamedas de laranjeiras, limoeiros, jambeiros, mangueiras, cerca de pitangueiras aparadas e palmeiras imperiais. Várias dessas árvores ainda estão lá. Possuía cascatas e lagos artificiais, onde patos nadavam. Várias esculturas em mármore e graciosa decoração completavam o ambiente. As palmeiras imperiais foram plantadas em 1859, quando da visita de Dom Pedro II.
Em 1854 ou 1855, o Passeio Público recebeu seu grande portão, que dava acesso ao caminho do Campo Grande, além de outros melhoramentos.
Por volta de 1862, o Passeio Público recebeu seu belo chafariz da empresa parisiense J.J. Ducel e ornamentos para jardins da fábrica francesa N.J. Tronchon, como vasos, animais e bancos de ferro fundido, caramanchões, mesas e um viveiro com três divisões para aves e passarinhos. A Tronchon participou da Exposição Internacional de Londres, de 1862. Nessa época foi inaugurada a iluminação a gás, com 54 luminárias.
Em 2012, uma das antigas esculturas que ainda povoam o Parque. Lembrança do que já foi um deslumbrante espaço de lazer.
Embaixo, o mirante do Passeio Público em meados do século 19, em ilustração de Victor Frond.
Este era o chafariz de mármore do Passeio Público, nos anos 1950.
Esse chafariz, da francesa J.J. Ducel, teve sua instalação autorizada, em 1858, pelo Presidente da Província. A água destinava-se principalmente para regar as plantas. O sistema do Queimado fornecia a água gratuitamente.
Veja uma ampliação desta foto e o mesmo chafariz em 1873.
Ao fundo, está o antigo Hotel da Bahia.
Na foto recente, mais acima, pode-se identificar os resquícios de um outro chafariz, no mesmo local. Não é o mesmo. É uma fonte das três graças, também do catálogo da Ducel (DUC_VO_PL0226 Ducel Val d Osne : pl 226 Cand), mas fabricado na Val d'Osne. As três graças são inspiradas na obra do escultor francês Germain Pilon (1537-1590).
O antigo chafariz foi levado para o jardim do Palácio da Aclamação e continua lá.
No início do século 20, a área do parque foi reduzida devido a ampliações do Palácio da Aclamação. Com a construção da Avenida Contorno, tirou-se o acesso à Gamboa. Outros prédios e outras obras reduziram bastante a antiga vista panorâmica da Baía.
Até os anos '60, o Passeio Público ainda abrigava muitas atividades culturais. A partir de 1967, com a transferência da residência do governador para o Palácio de Ondina, iniciou-se a degradação da área.
Hoje, o Passeio Público ainda abriga muitas de suas grandes árvores originais, com 15 espécies distintas, e algumas esculturas, embora mal conservadas. É uma pálida lembrança do que já foi.
O que sobrou do antigo mirante do Passeio Público, em 2012. A vista panorâmica da Baía foi embora, o charme, também. Poucos visitam.
Uma das ilustrações históricas de Salvador, tomadas do Passeio Público.
O Palácio da Aclamação, ao fundo.
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